Reforma Administrativa: Propostas Consolidadas, Exclusão de Estatutário Temporário e Visão do STF
Proposta Consolidada da Reforma Administrativa
O grupo de trabalho sobre a Reforma Administrativa
apresentou oficialmente três textos, englobando uma emenda à Constituição, um
projeto de lei complementar e um projeto de lei ordinária.
De acordo com o coordenador do grupo, deputado Pedro Paulo
(PSD-RJ), "nenhum dos textos prevê mudanças na estabilidade dos
funcionários públicos".
O objetivo da reforma é aprimorar a produtividade da
administração pública, priorizando resultados e garantindo maior qualidade nos
serviços prestados à população.
Estrutura das Propostas
As propostas contemplam ajustes na organização de concursos
públicos, cargos comissionados e regras para contratação de trabalhadores
temporários.
Para concursos, os gestores públicos deverão dimensionar o
quadro de pessoal e identificar áreas prioritárias, priorizando carreiras
transversais que permitam aos servidores atuarem em diferentes órgãos conforme
a demanda.
A reforma estabelece a implementação de uma tabela
remuneratória unificada para todos os cargos públicos, baseada nas funções
exercidas, a ser organizada pelos gestores em até dez anos após a promulgação.
Segundo Pedro Paulo, o sistema atual é "excessivamente
fragmentado", com mais de 2 mil cargos distintos apenas no Poder Executivo
federal, muitos sobrepostos e com regras de remuneração diferentes.
Avaliação de Desempenho e Gratificações
Os textos vetam gratificações baseadas em categoria ou tempo
de serviço. Pagamentos adicionais serão condicionados à avaliação de desempenho
e restritos a servidores ativos.
Pedro Paulo explicou que "o modelo de avaliação em
desempenho é o que foi concebido pelo Ministério de Gestão e Inovação. Nós
vamos colocar alguns mecanismos de verificação dessa avaliação em desempenho –
por exemplo, trazer o Tribunal de Contas para ser um verificador independente,
para que possa estar atento a conluios, a problemas nessas avaliações de
desempenho". Ele acrescentou que a medida visa evitar avaliações
"precárias" e "persecutórias".
O bônus de desempenho poderá ultrapassar o teto do
funcionalismo, limitado a duas remunerações por ano, enquanto cargos em
comissão e funções de confiança terão limite de até quatro remunerações anuais.
Trabalhadores Temporários e Cargos Comissionados
O número de cargos comissionados e de confiança será
limitado a 5% do total, podendo chegar a 10% em situações justificadas.
Trabalhadores temporários só poderão ser admitidos via
processo seletivo simplificado, recebendo direitos como 13º salário, férias de
30 dias e indenização proporcional ao tempo de serviço.
Cartórios e Concessões
Caso aprovada, a reforma estabelece regras para cartórios,
com concessões expirando após 75 anos e limite de remuneração equivalente a 13
vezes o teto do funcionalismo, ou seja, o salário de ministro do STF,
atualmente R$ 46.366.
Impactos em Concursos Públicos
A reforma define que novos concursos devem basear-se em
dimensionamento da força de trabalho, priorizando carreiras transversais e
garantindo pelo menos 20 níveis de progressão em cada carreira.
A proposta permite concursos para níveis superiores,
limitando a exceção a 5% do quadro, e amplia a participação de estados e
municípios no Concurso Nacional Unificado (CNU).
Retirada da Proposta de Estatutário Temporário
Inicialmente, a Reforma Administrativa previa a criação de
um vínculo estatutário temporário, com contratação por até dez anos e garantia
de estabilidade durante esse período, limitado a 5% do quadro permanente.
A medida permitiria concursos públicos para cargos efetivos
de prazo determinado, excetuando carreiras típicas de Estado.
Após resistência de Governo Federal, sindicatos, servidores
e parlamentares, o ponto foi removido. Pedro Paulo esclareceu: “Não tem
absolutamente nenhum risco de isso abalar a estabilidade. Seria um vínculo
possível e limitadíssimo. A impressão que eu tive é que estavam querendo
escolher uma proposta para se tornarem inimigo da reforma administrativa. Eu
tirei isso da frente”.
A titular do Ministério da Gestão e Inovação, Esther Dweck,
reafirmou que “a nossa visão no Ministério é a defesa da estabilidade do
servidor público, a gente acha que os servidores têm que ser
profissionalizados, estáveis, porque isso é uma proteção do Estado brasileiro e
que contratos temporários têm que ser nas situações previstas em lei que são
muito específicas. E a gente precisa até melhorar a qualidade, as condições de
trabalho dessa equipe temporária, mas a gente não é favorável a uma generalização
de contratação temporária no Serviço Público Federal”.
Comparação Entre Versão Inicial e Final
A proposta preliminar incluía o vínculo estatutário
temporário. A versão final, publicada no site da Câmara dos Deputados, não
contemplou mais essa medida.
A estabilidade do servidor foi mantida, porém o estágio
probatório passa a permitir exoneração em caso de inaptidão.
A progressão funcional e o pagamento de bônus serão
condicionados à avaliação por desempenho e aos instrumentos de Governança e
Gestão, afastando o modelo baseado apenas no tempo de serviço.
As gratificações por metas institucionais dependerão da
situação financeira do órgão e não se aplicarão a agentes políticos.
Visão do Ministro do STF sobre a Reforma
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro
Edson Fachin, afirmou durante o XXV Congresso Brasileiro da Magistratura que o
Judiciário não aceitará qualquer medida que reduza a autonomia e independência
da magistratura. “Se quiser pensar em governança, em gestão pública, em
transformação digital e em profissionalização do serviço público e, portanto,
em uma reforma de todo o Estado, de todos os Poderes, uma reforma que seja
efetivamente merecedora desse nome, haverá não só a nossa participação, como o
nosso aplauso. Porém, posso dizer que, como presidente do Supremo Tribunal
Federal, não vamos aquiescer em qualquer tipo de reforma que vá tolher a
autonomia e a independência da magistratura brasileira”, disse o ministro.
Fachin expressou preocupação com pontos como a extinção de
privilégios, fim de férias superiores a 30 dias, fim do adicional de férias
superior a ⅓ da remuneração e possibilidade de demissão de membros do
Judiciário e do Ministério Público por processo administrativo no CNJ e CNMP,
com ampla defesa e contraditório.
Ele enfatizou: “Ninguém pense que fará por cima do
Judiciário uma reforma contra o Poder Judiciário brasileiro. Não permitiremos e
estarei vigilante para que haja respeito à magistratura brasileira”.
Pedro Paulo ressaltou que a fala de Fachin não se opõe à
reforma e confirmou reunião com o ministro para alinhamento sobre pontos da
proposta.
O presidente da AMB, Frederico Mendes Júnior, afirmou que
qualquer medida que altere a organização do Judiciário ou atinja prerrogativas
da magistratura deve partir do próprio STF. A AMB se posiciona contra propostas
com vício de iniciativa que enfraqueçam carreiras de Estado, destacando a
necessidade de servidores respeitados e bem remunerados para garantir a
qualidade da justiça.
Estrutura e Eixos da Reforma
A reforma está organizada em quatro eixos:
- Estratégia,
Governança e Gestão: Planejamento estratégico, acordo de resultados e
bônus por desempenho opcional, mantendo revisão de gastos e diligência
fiscal.
- Transformação
Digital: Modernização da máquina pública, digitalização completa de
processos e serviços, incentivo a novos GovBRs e Pix.
- Profissionalização
do Serviço Público: Planejamento da força de trabalho, aumento dos
níveis de progressão, remodelamento do estágio probatório, adesão ao CNU e
tabela remuneratória única.
- Extinção
de Privilégios no Serviço Público: Foco no enfrentamento das
desigualdades e excessos do serviço público.
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