Reforma Administrativa: Câmara dos Deputados Avança na Coleta de Assinaturas
Reforma Administrativa Acelera e Projeta Protocolo no Congresso
O processo de formulação do texto da Reforma
Administrativa demonstrou um avanço significativo no âmbito da Câmara dos
Deputados, com a proposta projetando ser protocolada nas próximas duas
semanas.
Esta informação foi confirmada pelo coordenador do grupo de
trabalho responsável pela elaboração do texto, o deputado Pedro Paulo (PSD
RJ), conforme noticiado pelo jornal Folha de S.Paulo.
O parlamentar destacou que o texto já ultrapassou metade
das 171 assinaturas necessárias para que sua tramitação seja formalmente
iniciada e, consequentemente, o tema possa ser pautado para discussão e votação
entre os deputados.
A iniciativa, apresentada originalmente pelo grupo de
trabalho no último dia 2, tem como finalidade primordial promover
alterações estruturais no serviço público nacional, com a justificativa central
de otimizar e modernizar o Estado Brasileiro.
Para alcançar tais objetivos, o texto foi estruturado em uma
compilação de 70 propostas, as quais se encontram segmentadas em quatro
grandes eixos temáticos que buscam reformular a gestão de pessoas, a
governança e a digitalização da máquina pública.
Para sua implementação, a proposta será protocolada em
diferentes modalidades legislativas, reconhecendo a necessidade de alterar
dispositivos de diferentes hierarquias normativas.
Serão apresentados ao Congresso Nacional uma Proposta de
Emenda à Constituição (PEC), exigindo quórum qualificado para sua aprovação
por modificar a Carta Magna; um Projeto de Lei Complementar (PLC); e,
por fim, um Projeto de Lei Ordinária, abrangendo, em conjunto, toda a
profundidade das 70 medidas.
Desde o seu lançamento, a proposta enfrenta um quadro de resistência
que se manifesta não apenas no seio do funcionalismo público federal, mas
também em parcelas do próprio Poder Legislativo da União, indicando que o tema
será alvo de um debate acalorado nas próximas etapas.
Os Quatro Eixos Centrais da Proposta e Suas 70 Medidas
As 70 propostas de reforma foram meticulosamente
distribuídas em quatro eixos, cada qual focado em um aspecto específico da
modernização e eficiência do Estado. A abrangência dos temas busca endereçar
desde a estratégia de gestão e governança até a extinção de práticas
consideradas excessivas.
Eixo 1: Foco em Governança e Gestão com Revisão de Gastos
O primeiro eixo temático, denominado Estratégia,
Governança e Gestão, direciona-se a aspectos de planejamento e
responsabilidade fiscal. Seu foco reside na implementação de um planejamento
estratégico mais robusto e eficaz para a administração pública. A proposta
institui o conceito de acordo de resultados, buscando vincular a atuação
dos órgãos e servidores a metas previamente estabelecidas. Este eixo é também o
responsável por prever a criação de um bônus por desempenho – um
instrumento de incentivo que terá aplicação opcional para entes com saúde
fiscal atestada. A essência deste eixo é manter a diligência com as
contas públicas por meio de um processo contínuo e sistemático de revisão
de gastos, assegurando que a modernização ocorra em um contexto de
responsabilidade fiscal.
Eixo 2: A Transformação Digital como Vetor de
Modernização
O segundo eixo, batizado de Transformação Digital,
visa impulsionar a modernização da máquina pública por meio da tecnologia. O
cerne deste pilar é a busca pela digitalização plena de processos e serviços
oferecidos pelo Estado, com o intuito de torná-los mais acessíveis e eficientes
para o cidadão. Complementarmente, o eixo prevê o incentivo à criação de
novos GovBRs e Pix dentro do contexto governamental, visando incorporar
inovações tecnológicas de sucesso no setor público e agilizar a interação entre
o Estado e a sociedade, reduzindo a burocracia e aumentando a transparência.
Eixo 3: Profissionalização e Remodelamento da Carreira
O terceiro eixo da Reforma Administrativa concentra-se na Profissionalização
do Serviço Público, atuando diretamente na gestão de pessoas e nas
carreiras. As propostas desse eixo incluem o aprimoramento do planejamento
da força de trabalho, buscando um dimensionamento mais eficiente e
estratégico das necessidades de pessoal. Prevê-se a ampliação dos níveis de
progressão da carreira, oferecendo caminhos mais claros e meritocráticos
para o desenvolvimento profissional dos servidores. O texto aborda o remodelamento
do estágio probatório, visando uma avaliação mais rigorosa e alinhada com
as necessidades da função. Por fim, este eixo incentiva a adesão de
municípios e estados ao concurso nacional unificado, promovendo a
uniformidade nos processos seletivos e, ainda, a implantação de uma tabela
remuneratória única para determinadas categorias.
Eixo 4: O Combate a Desigualdades e a Extinção de
Privilégios
O último pilar, intitulado Extinção de privilégios no
Serviço Público, é definido como o eixo central do enfrentamento às
desigualdades e excessos que, segundo os proponentes, persistem no serviço
público brasileiro. Este eixo visa remover distorções e práticas que concedem
vantagens injustificadas a certas categorias ou indivíduos, buscando restaurar
a equidade e a moralidade no sistema de remuneração e benefícios dos agentes
públicos. A sua implementação se destina a garantir que os recursos públicos
sejam utilizados de maneira mais justa e que os privilégios sejam, de fato,
eliminados.
Estabilidade do Servidor: Institucionalização
Inegociável, Mas Condicionada ao Desempenho
A proposta elaborada pelo grupo de trabalho da Câmara mantém
a estabilidade dos servidores públicos, um instituto que representa uma das
maiores garantias do funcionalismo.
No entanto, o texto estabelece ressalvas e
condicionantes que ligam o avanço na carreira e a permanência no serviço
público ao desempenho e à capacidade profissional.
A primeira ressalva está no estágio probatório,
período em que o servidor poderá ser exonerado se for verificada a inaptidão
para o exercício das funções inerentes ao cargo.
Para aqueles que já ultrapassaram o estágio probatório e
gozam da estabilidade, a proposta estabelece que a progressão funcional nas
carreiras e o eventual pagamento de bônus serão estritamente condicionados
à avaliação por desempenho e aos instrumentos de Governança e Gestão
definidos pela Reforma.
O texto propõe que a promoção na carreira não será mais
baseada apenas no tempo de serviço, mas sim a partir da avaliação do
desempenho individual do funcionário.
Além disso, os servidores poderão ser contemplados com bônus
caso atinjam metas institucionais previamente definidas, com a condição
de que a situação financeira do órgão permita a concessão da
gratificação.
É importante ressaltar que esta gratificação por desempenho não
se aplicará aos agentes políticos.
A Posição do Governo: Estabilidade como Proteção de
Estado
A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther
Dweck, manifestou a posição do Poder Executivo em relação ao tema.
A ministra defendeu publicamente que a estabilidade dos
servidores públicos é inegociável.
Para Dweck, a estabilidade atua como uma proteção para o
Estado Brasileiro e não apenas como um benefício individual do funcionário.
O Vínculo Estatutário Temporário Retirado do Texto
Oficial
Um ponto de destaque na versão protocolada da proposta é a retirada
da criação de um novo vínculo estatutário temporário, tema que havia
ganhado amplo destaque nas discussões preliminares e nas declarações do
coordenador Pedro Paulo antes da apresentação formal do texto.
Antes da apresentação oficial, o coordenador e relator do
grupo de trabalho da Reforma Administrativa, Pedro Paulo, concedeu diversas
declarações à imprensa sobre a ideia original do novo vínculo.
A proposta inicial previa a admissão, mediante concurso
público, de contratações para cargos efetivos por prazo não inferior a
dez anos.
Essa modalidade seria permitida para a maioria dos cargos,
com exceção das carreiras típicas de Estado, e seria limitada a 5% do
quadro permanente, garantindo-se a estabilidade pelo período de até dez
anos da contratação. Contudo, essa previsão não foi incluída no
texto final apresentado.
Rejeição no Funcionalismo e o Amplo Debate no Legislativo
Desde sua apresentação, a proposta tem encontrado resistência
significativa. Essa oposição ganhou corpo em uma audiência pública
realizada na terça-feira (14), promovida pelas comissões de Administração
e Serviço Público e de Finanças e Tributação da Câmara dos
Deputados.
O evento reuniu um vasto leque de entidades representativas,
totalizando 31 entidades de servidores dos três Poderes e do Ministério
Público.
Dentre as entidades presentes estavam cinco centrais
sindicais, dez sindicatos, nove associações, duas confederações, quatro
federações e um fórum.
O posicionamento unânime das entidades foi de rejeição
completa à proposta. O presidente da Pública Central do Servidor, José
Gozze, resumiu a crítica, apontando o texto como um retrocesso.
Gozze afirmou que “Quando atacam os direitos dos servidores
públicos, como a estabilidade, atacam o cidadão, porque é pelas mãos dos
servidores que o cidadão recebe os direitos constituídos e obrigatórios do
Estado”. É relevante notar que não houve participação do governo na
audiência pública.
O tema da audiência foi levado à pauta a pedido das
deputadas Ana Pimentel (PT-MG) e Professora Luciene Cavalcante
(Psol-SP) e do deputado Rogério Correia (PT-MG), que atuaram como
requerentes.
A deputada Ana Pimentel reforçou a necessidade de maior
discussão, afirmando que “Uma proposta de reforma administrativa que pretende
alterar a dinâmica e o funcionamento do Estado brasileiro precisaria ser
debatida amplamente com os sindicatos, é obvio, mas também com toda a
sociedade”.
O Compromisso da Câmara com a Transparência e a
Eficiência
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB),
assegurou que, antes de qualquer votação da reforma, será promovido um amplo
debate.
Segundo Motta, o objetivo é garantir a transparência nos
gastos públicos e a eficiência dos serviços prestados à população.
Até o momento, não há uma data definida para a votação
da Reforma Administrativa, indicando que a fase de discussão e articulação
política e social ainda deve se estender no Congresso Nacional, com o processo
sendo formalmente iniciado assim que as assinaturas forem protocoladas.
Conheça a proposta de reforma administrativa apresentada na Câmara - CLIQUE AQUI!
VEJA OS DEPOIMENTOS DE ALGUNS DOS NOSSOS ALUNOS APROVADOS PARA ESPECIALISTA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO GOVERNAMENTAL (EPPGG) NO CNU 2024, CLIQUE E ASSISTA!
Nossa Aluna | Milena | Aprovada | Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG) | CNU