Estabilidade no Serviço Público: Garantia de Integridade e Eficiência, Afirma Ministra Esther Dweck
Em evento promovido pela Folha de S.Paulo e o Movimento Pessoas à Frente, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, defendeu a estabilidade no serviço público como um pilar essencial para a integridade dos processos administrativos e para a proteção dos servidores que denunciam irregularidades.
Durante o seminário “O Setor Público em Transformação”,
realizado em São Paulo nesta segunda-feira (11), a ministra
explicou os benefícios dessa estabilidade e seu impacto nas práticas públicas.
Dweck afirmou que servidores públicos estáveis têm a garantia de que poderão denunciar irregularidades sem o risco de represálias. “Sabemos que servidores públicos estáveis são capazes de denunciar processos irregulares.
No caso recente da contratação de vacinas, por exemplo, foram
justamente servidores da área administrativa financeira que, devido à
estabilidade, puderam denunciar as irregularidades,” destacou.
A ministra citou três principais razões para a defesa da
estabilidade no serviço público:
- Burocracia
profissionalizada e estável: A estabilidade assegura que os servidores
atuem com base em sua competência, não em interesses ideológicos ou
políticos.
- Garantia
da integridade dos processos: A estabilidade proporciona a
continuidade dos serviços públicos, independentemente de mudanças
políticas ou governamentais.
- Imparcialidade
nas contratações: A estabilidade evita que servidores sejam
contratados com base em posicionamentos políticos, garantindo que atuem
exclusivamente em nome do Estado brasileiro, sem viés ideológico.
Prevenção à Perseguição Política
A ministra ressaltou que a estabilidade é fundamental para
prevenir perseguições políticas, como ocorre em países onde o serviço público
não possui a mesma segurança no emprego.
Dweck comparou a realidade brasileira à dos Estados Unidos,
onde a falta de estabilidade resulta em frequentes trocas de servidores com
base nas mudanças de governo.
Ela destacou que, recentemente, o governo de Joe Biden
iniciou discussões sobre aumentar a estabilidade no setor público
norte-americano justamente para evitar que mudanças ideológicas afetem a
burocracia do país.
“No Brasil, o serviço público deve ser conduzido pelo Estado
e não por partidos políticos. A estabilidade garante que os servidores possam
atuar com imparcialidade, independentemente da gestão política em curso,”
afirmou a ministra.
Estabilidade para Todas as Áreas
Dweck também se posicionou contra a ideia de que apenas
algumas áreas do serviço público, como a polícia e o judiciário, deveriam
contar com servidores estáveis.
Para ela, a estabilidade deve ser ampliada para outras
funções essenciais, como a área administrativa e a gestão de compras públicas,
que desempenham um papel crucial na integridade das contratações
governamentais.
“O processo de compras públicas é essencial para a
manutenção da integridade no uso de recursos públicos. Precisamos de servidores
estáveis nessas áreas para garantir que as aquisições sejam feitas com
transparência e eficiência,” afirmou Dweck.
Aposentadorias e Déficit no Serviço Público
A ministra também abordou a questão das aposentadorias no
serviço público, destacando que o Brasil enfrenta um desafio demográfico
significativo, com mais de 66.000 servidores já em condições de se aposentar.
Ela projetou que, nos próximos dez anos, mais de 180.000
servidores devem se retirar do serviço público.
Diante dessa realidade, Dweck ressaltou a necessidade de uma
força de trabalho bem formada e profissionalizada para atender à demanda
crescente e à complexidade das funções públicas.
Dweck ainda explicou que, ao assumir o ministério, encontrou
um quadro em que houve uma redução líquida de 70.000 servidores federais, com
um déficit considerável em várias áreas não relacionadas à segurança ou à
educação, onde as contratações ocorreram com mais frequência.
Comparações Internacionais: Menos Servidores, Maior
Estabilidade
Embora o Brasil tenha um número menor de
servidores públicos em relação ao tamanho de sua população, a proporção de
servidores estáveis é muito maior do que em países desenvolvidos.
Cerca de 70% dos servidores federais no Brasil são
estatutários, regidos pela Lei 8.112 de 1990, o que significa que têm
estabilidade garantida após aprovação em concurso público.
Esse índice é semelhante nos estados e municípios, com 65%
dos 12,1 milhões de servidores públicos no Brasil gozando da mesma
garantia.
Em comparação com outras nações, o Brasil tem menos
servidores públicos do que países como Suécia ou África do Sul,
mas apresenta uma proporção maior de servidores com estabilidade no emprego.
Em relação aos gastos com o funcionalismo público, o Brasil
gasta 8,9% do PIB com os servidores, um valor inferior ao de países como
África do Sul (12,6%) e Suécia (10,4%), mas superior a nações
latino-americanas, como Chile (6,8%) e México (3,8%).
Desafios na Gestão do Serviço Público
Embora a estabilidade seja amplamente defendida pela
ministra, ela reconheceu que o modelo atual apresenta desafios, especialmente
no que diz respeito à cobrança de produtividade.
A estabilidade dificulta a demissão de servidores em caso de
baixa performance, o que, para alguns, representa um obstáculo à eficiência no
serviço público.
No entanto, Dweck destacou que a estabilidade é essencial
para garantir a continuidade e a qualidade dos serviços prestados à população,
especialmente em um país de dimensões continentais como o Brasil.
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Perspectivas Futuras para o Setor Público
Dweck encerrou sua fala defendendo a continuidade da
estabilidade e enfatizando a necessidade de um debate amplo sobre as formas de
contratação e a valorização do serviço público.
Segundo ela, a manutenção de uma burocracia estável é
fundamental para garantir a integridade dos processos administrativos e a
eficiência na gestão pública.
Com essas considerações, a ministra reforçou a importância
da estabilidade como um alicerce para um serviço público profissional, ético e
comprometido com o interesse coletivo, independentemente de alterações no
cenário político.
Veja íntegra do evento “O Setor Público em Transformação” aqui!